terça-feira, 23 de setembro de 2008

Paraísos



Todos os valores afins em paraísos perdidos,

esta noite eu me puni quatro vezes

e já me excitei muito mais...

Mas mesmo assim me vejo

em poder da mentira,

tentando me ajustar a uma imagem qualquer,

num prazer vertiginoso e pudico

onde me devoro em outras bocas fascinada.

Num ciúme doce da minha loucura,

por estar presa numa morte certa,

dentro do peso impune do destino,

desde minha primeira morte,

onde deixei a minha mãe num ventre.

O outro em mim
























Se há uma assimilação plena da ausência:
- entendo, estou ausente e preenchida pelo outro, 
numa vida que não a minha. 
Logo, não sou eu em mim e sim o outro que fala por mim. 
O equivoco talvez seja apenas esse, 
o arrebatamento da condição humana 
numa abertura do ser e estar apaixonada.
Num júri isso não isentaria 
minha culpa pela ausência de mim mesma, diagnostico.
A cada um é dado o naco de seu esforço 
o que faz-me lembrar do antigo 
e já cantado entrelaçamento no armário do Chico,
onde "...meu paletó enlaço o teu vestido" num pano indivisível.
A emoção tomada pelo sentimento de ausência,
finalizo, é uma lâmina fina, sem definições.
Não sei em que caixa guardei meu tempo,
ele se faz pelos armários, pelos livros
e pela maneira inconsciente de tua presença em mim.